domingo, 5 de agosto de 2012

É tempo de investir na Educação Infantil






Anita Adas*

Novos recursos tecnológicos? Primeiramente, para os alunos mais velhos. Laboratórios de ciências sofisticados? Melhor priorizar o Ensino Médio. Formação de professores? Ah! Formaremos inicialmente os professores especialistas... Ao longo do tempo, as escolas geralmente focaram os principais investimentos nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio. Isso ocorre por diversas razões, entre elas, pela crença de que o trabalho pedagógico nesses segmentos é mais complexo e que há uma demanda mais clara das famílias e da sociedade por qualidade de ensino.

Entretanto, é muito importante rever essas ideias. Os avanços da ciência e da pedagogia vêm mostrando que é essencial concentrar esforços também na educação de crianças pequenas.

A escola de Educação Infantil é, muitas vezes, o primeiro espaço público com o qual os pequenos entram em contato. É neste palco privilegiado da vida coletiva que eles se encontram com o conhecimento elaborado. Dele se espera que eles se apropriem em um movimento contínuo e se exercitem como pessoas do mundo.

É nesse espaço público que se pode valorizar a construção de repertório, o desenvolvimento do pensamento lógico e a formação de valores e atitudes positivas, entre outras possibilidades que terão impacto para sempre. A educação escolar é um longo processo que se fundamenta na diversidade de experiências culturais, educativas, intelectuais e sociais durante toda a vida escolar de uma criança.

Ainda que os argumentos pedagógicos não sejam suficientes para a reflexão a respeito da importância de maiores investimentos na educação de crianças pequenas, pode-se pensar no atendimento às expectativas das famílias. Com as tendências de estabilização ou queda das taxas demográficas e o aumento da concorrência, elas vêm buscando projetos de uma educação “mais completa e abrangente” para seus filhos desde o primeiro momento. Então, os pais ou responsáveis pelas crianças procuram escolas já de olho em seus futuros: se confiarem no projeto, permanecem; se não estiverem convencidos, partem para aquelas escolas que oferecem propostas mais consistentes.

Para que se construa uma educação de qualidade, é urgente superar o nosso olhar “adultocêntrico”, como diria a educadora e doutora em psicologia Telma Weisz. É também urgente estabelecer coerência entre o que consta nos documentos oficiais e o que se realiza no ambiente escolar, assim como é urgente acreditar na importância do investimento – humano e material – nas escolas de Educação Infantil.

*Pedagoga, mestre em educação escolar e coordenadora pedagógica do Ético Sistema de Ensino (www.sejaetico.com.br), da Editora Saraiva

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