sábado, 25 de agosto de 2012

Governo cobra rapidez na reforma do ensino médio

Temos que forma avançar nesta direção. Sabemos que qualquer mudança só pode acontecer a partir de um pacto com os secretários", afirma o titular do MEC em entrevista ao Correio.

A discussão é bem antiga dentro do MEC, mas foi tirada da gaveta pelo ministro após a divulgação do baixo desempenho e da estagnação (veja arte) dos alunos do ensino médio no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2011, na última terça-feira. Com isso, o ministério se viu forçado a acelerar as mudanças. Mercadante defende um currículo redefinido com base nas áreas de competência cobradas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) - matemática e suas tecnologias; linguagens, códigos e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias. "Essa divisão ajudaria a flexibilizar o currículo. A ideia não é substituir disciplinas e, sim, trabalhar com uma coordenação pedagógica que integre as áreas", defende Mercadante. O ensino médio da rede pública tem hoje 13 disciplinas obrigatórias, mas pode chegar a até 19, se levadas em consideração as opcionais.

A ideia do MEC para os próximos anos é usar o Enem e não mais a Prova Brasil como forma de avaliação dos alunos do ensino médio. Segundo Mercadante, eles não têm estímulo para fazer a Prova Brasil. Como a avaliação ocorre por amostragem, dos 2,2 milhões de estudantes matriculados na etapa escolar no ano passado, só 70 mil participaram. "O Enem hoje é quase censitário. É mais amplo. Não dá para fazer uma análise conclusiva em relação ao ensino médio só com base nesses dados do Ideb. Mas, é claro, que o quadro preocupa", diz Mercadante.

Para Wanda Engel, consultora na área de educação e professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), mudanças na grade do ensino médio são essenciais. Mas, para o currículo ser enxugado, é necessário que se avaliem quais são as expectativas mínimas para o aprendizado do aluno. "O perigo é que tudo seja visto de forma superficial. O mínimo tem de ser oferecido a todos e é preciso ter condições de oferecer aprofundamento a quem desejar. Primeiramente, o MEC e o CNE precisam decidir qual é esse mínimo", acredita. A especialista defende que a pasta e as secretarias de Educação nos estados tenham escolas com currículos voltados para diferentes áreas. Assim, o estudante escolhe a instituição de ensino mais adaptada ao seu interesse.

Coragem

Já o secretário de Educação de Goiás, Thiago Peixoto, levará como sugestão ao ministro, na reunião de terça-feira, a criação de um currículo referência para os estados e a implementação de um programa específico de escolas em tempo integral no ensino médio. "O embate político e ideológico muitas vezes atrapalha a implementação dessas políticas. Por isso, o MEC precisa ter coragem para fazer o que eles sabem que precisa ser feito", avalia.

Desde 2009, o MEC mantém o programa Ensino Médio Inovador, que visa ampliar o tempo dos estudantes na escola, buscando garantir a formação integral com a inserção de atividades mais dinâmicas. A iniciativa, porém, ainda não decolou de fato. Atualmente, das quase 19 mil escolas públicas com ensino médio, somente 2 mil contam com o programa.


Dilma destaca melhora do ensino nas escolas de tempo integral

O programa de ensino integral Mais Educação, realidade em 32 mil escolas públicas de todo o país, foi o tema do programa de rádio Café com a Presidenta desta segunda-feira, 20. Metade das escolas atendidas pelo programa, nas quais a maioria dos alunos recebe o benefício da Bolsa-Família, está situada em regiões pobres, com baixos resultados no índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb).

“Todo país que se desenvolveu, que saiu da condição de país pobre e que se mantém na condição de país desenvolvido apostou na educação em tempo integral para todas as crianças”, disse a presidenta da República, Dilma Rousseff. “Nosso objetivo é ampliar o tempo de estudo da criança e do jovem na escola, com maior acompanhamento dos professores.”

O programa Mais Educação, lançado em 2007 pelo Ministério da Educação, amplia a jornada escolar diária para o mínimo de sete horas, com prioridade para atividades culturais, esportivas e de acompanhamento pedagógico, principalmente em matemática e língua portuguesa. “O Ideb mostra que o aprendizado melhorou muito nas escolas com tempo integral”, salientou Dilma. “Por isso, a educação em tempo integral é tão importante, principalmente quando, junto com ela, vem a melhora dos currículos que nós estamos promovendo no ensino médio.”

Fonte: MEC – Assessoria de Comunicação Social - 20.08.12 

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