terça-feira, 28 de agosto de 2012

CNTE Informa 61


Investimentos e cotas podem melhorar o Ideb

Os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), referentes a 2011, mesmo indicando uma trajetória estabilizadora no aproveitamento dos anos finais do fundamental e no ensino médio, revelam uma constante evolução no processo de alfabetização das crianças que passaram a frequentar a escola após 2005, o que certamente fortalecerá o Ideb nos próximos anos, caso os investimentos públicos priorizem todas as etapas do nível básico.

Já o menor crescimento do Ideb a partir do 5º ano do fundamental, incluindo o ensino médio, tem pelo menos dois fatores a serem considerados. O primeiro, é que os resultados se baseiam em avaliações de estudantes que, em 2005, no caso das redes públicas, tiveram média de 3,6 pontos no 1º ciclo do fundamental; ou seja, esses estudantes continuam carregando as deficiências ao longo dos anos. Segundo, que as redes públicas não têm feito seus deveres de casa, no que diz respeito ao cumprimento de legislações educacionais - a exemplo da Lei do Piso do Magistério - e da aplicação eficiente dos recursos provindos dos fatores diferenciados de custo/aluno do Fundeb.

Ainda que tímida, a ajuda do Governo Federal aos municípios, para atender às demandas de creche e pré-escola, já mostra como é importante essa política pública para o desenvolvimento educacional. Mas é preciso que as ações sejam sistêmicas e que cubram todas as etapas e modalidades de ensino, caso contrário o processo tende a ser interrompido, sobretudo no ensino médio, que também conta com problemas de atratividade de seu público alvo.

Por sua vez, a etapa média foi a que apresentou o pior rendimento no Ideb, incluindo a rede particular. E isso aponta para duas necessidades, ao menos:

1 - investir em diferentes ofertas de ensino médio, com vistas a atender diversamente os interesses da maior parte dos jovens de 15 a 17 anos da faixa etária adulta, que não concluiu o ensino regular na idade apropriada e que hoje tenta fazê-lo no período noturno. Para esta última, é preciso investir fortemente na opção integrada do ensino médio com a educação técnica-profissional, à luz do Decreto 5.154, pois a possibilidade da qualificação para o mundo do trabalho, aliada à formação humanística, é o diferencial para atrair e manter as cerca de 45 milhões de pessoas que não concluíram a educação básica no país.

2 - Assumir a defesa da política de cotas raciais e sociais, contrapondo os interesses econômicos dos empresários da educação que lutam por vias judiciais para derrubar as cotas na educação. Essa política de combate às desigualdades sociais, com foco na inclusão de negros e pobres no ensino superior público, tende a ser uma força social importante para a melhoria da qualidade do nível básico, caso a classe média retorne à escola pública e una-se às classes populares na luta pela qualidade da educação para todos e todas.

Ainda com relação à estrutura do Ideb, a CNTE reitera sua crítica à precariedade diagnóstica da avaliação, que se concentra em resultados de testes padronizados aplicados em realidades social, econômica e cultural diversas. O Índice, além de desprezar outras variáveis da educação - a qual não se resume num simples processo quantitativo medido por notas - também deixa de fornecer leituras objetivas capazes de apontar instrumentos para a superação das defasagens no aprendizado, tornando-o quase acéfalo.

É preciso saber, por exemplo, porque no primeiro ciclo do fundamental as crianças têm melhorado suas proficiências em leitura e álgebra, em comparação ao segundo ciclo e ao ensino médio. Isso não teria relação direta com o tempo dedicado pelo/a professor/a à escola, às turmas e sua integração com o projeto pedagógico? Qual a relação entre a habilitação docente apropriada e a formação continuada permanente com os resultados dos estudantes? As redes de ensino mais bem avaliadas cumprem integralmente a Lei do piso do magistério? Qual a incidência dos investimentos públicos (necessários) e da gestão democrática na composição do Ideb? Em que medida a profissionalização dos funcionários e a hora-atividade do/a professor/a contribuem com a qualidade da educação?

Infelizmente, o MEC continua a apostar na divulgação dissociada do Ideb dos fatores intrínsecos à qualidade da educação. Além de ser preciso incluir outros elementos que ajudem a mensurar a qualidade da educação - preferencialmente numa estrutura equânime de atendimento público, que requer a implementação do Custo Aluno Qualidade - o Ideb também precisa indicar as causas de seus resultados. Caso contrário, pouco será feito, com eficiência, para melhorar a situação atual da educação pública, podendo as políticas concentrar-se em punições e constrangimentos infrutíferos, como nos casos em que os sistemas de ensino têm optado por divulgar o Ideb na porta das escolas, tentando fazer crer que as mudanças estruturais independem de mais e melhores investimentos sistêmicos do Estado na escola, nos profissionais e nos estudantes.

IDEB - Resultados e Metas

Os resultados marcados em verde referem-se ao Ideb que atingiu a meta.
Fonte: Saeb e Censo Escolar - MEC/INEP



“Fortalecimento da comunicação sindical permite às pessoas ter a dimensão de seus direitos”

"Se um escândalo como o vazamento de óleo da Chevron tivesse acontecido com a Petrobras, no outro dia os grandes jornais, as revistas e televisões estariam fazendo campanha pela privatização, dizendo que a estatal não tem estrutura e que deveríamos entregar o que é nosso para as grandes transnacionais tomarem conta". Com esse discurso, o jornalista Leonardo Severo discorreu aos participantes do 3° Seminário de Comunicação da CNTE sobre o poder que a grande mídia tem de influenciar a sociedade com inverdades.

Assessor de comunicação da CUT Nacional, Leonardo Wexell Severo é autor do livro Latifúndio Midiota: Crises, Crimes e Trapaças, publicação que traz uma crítica à manipulação da sociedade feita pelos grandes meios de comunicação, que realizam uma cobertura que atende apenas ao setor financeiro que os mantém. Em sua palestra, Severo abordou justamente o papel democrático que cumpre o jornalismo alternativo – em contraposição aos grandes conglomerados de mídia – para fazer chegar à sociedade a versão do trabalhadores e trabalhadores que não tem espaço na grande imprensa.

De acordo com o jornalista, a ampliação e o fortalecimento da rede de comunicação sindical possibilita que as pessoas tenham a dimensão dos seus direitos, o que estimula, une, organiza e coloca em outro patamar a luta, na medida em que congrega diferentes pontos de vista em uma mesma perspectiva. "Com uma rede forte, nós temos a possibilidade de um diálogo maior com a sociedade. Serão mais vozes na defesa da liberdade de expressão, maior visibilidade das lutas e reivindicações no conjunto dos ramos", afirmou Severo. 

Fonte: CNTE, 15/08/12

Blogueira mostra como as novas mídias podem melhorar a imagem da categoria

Para a professora e blogueira Conceição de Oliveira, mais conhecida como Maria Frô, as mídias digitais podem fazer muito pela imagem dos trabalhadores da educação. Ela compartilhou um pouco de sua experiência com os participantes do 3° Seminário de Comunicação da CNTE na manhã desta quinta-feira (16), segundo dia do evento.

"Qual e a imagem que o professor tem na mídia? É o cara que ganha pouco, mas também não faz o seu trabalho direito, vive de licença médica, faz greve e atrapalha o trânsito. Não e assim?", provocou a palestrante. Segundo ela, o educador não tem espaço na grande mídia e, quando tem, é criminalizado. Para exemplificar, Maria Frôafirma que uma passeata da categoria aparecerá na mídia mais como um evento que provoca quilômetros de congestionamento do que como uma mobilização para reivindicar o pagamento do piso e a melhora das condições das escolas de forma a possibilitar um ensino de qualidade. "Nessas avaliaçõesque já viraram moda, quando há sucesso num determinado lugar, a responsabilidade foi do ministro, do secretário de Educação ou do prefeito. Quando aparece o insucesso, a culpa é do professor. É impressionante como se lida de maneira leviana com isso. Não se discute condições de trabalho, tamanho da rede, estrutura da escola", critica.

Nesse contexto de criminalização das práticas sindicais e dos movimentos sociais com um todo, Maria Frô afirma que as redes sociais – como os blogs, Facebook, Twitter, Youtube e outras – despontam como ferramentas de comunicação alternativas que, se bem utilizadas, permitem a desconstrução dessa imagem equivocada. "O Movimento Sem Terra (MST) fez isso muito bem. Eles têm seu portal na internet, suas redes, e conseguiram criar o seu próprio discurso sobre o movimento, dialogando com diferentes estratos da sociedade, mostrando a importância do movimento. Hoje raramente a mídia tem a coragem de fazer o que fazia com o MST na década de 90, quando estampava capas da Veja com o Pedro Stédile segurando uma arma", cita a blogueira.

De acordo com informações recentes divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Internet, as pessoas já passam mais tempo navegando na rede do que vendo TV, e o consumo de informações na web tem crescido principalmente com a popularização de dispositivos móveis, como telefones com acesso à internet. Por conta disso, a rede tem pautado cada vez mais a mídia tradicional. Para a blogueira Maria Frô, esse é o momento dos trabalhadores da Educação e dos sindicatos se apoderarem dessas ferramentas para difundir seu discurso. "Precisamos aprender a entender as redes, seu funcionamento, e a produzir conteúdo. Porque se você produz bom conteúdo, ele vai circular. De um blog vai pro Facebook, alguém vê e já leva para outro lugar e, pela quantidade de posts, perfis, blogs em que circula, vai chegar uma hora em que vai ser do conhecimento de todos. Tem um monte de gente por aí que quer nos ouvir", afirmou.

A palestrante acredita que eventos como o seminário promovido pela CNTE podem contribuir para apontar caminhos e orientar aqueles profissionais que ainda não estão familiarizados com as novas tecnologias e todo o potencial que elas oferecem. "O que precisamos entender é que tudo isso são ferramentas. A forma como vamos usar é que vai torná-las efetivas ou não para o que queremos comunicar. Então, criem seus blogs, fortaleçam seus sindicatos, porque essa é uma forma de nos reapaixonarmos pelo debate, pela luta", finalizou. 

Fonte: CNTE, 16/08/12

Seminário discute a força das redes sociais na comunicação sindical

Regulamentação do direito à comunicação, acesso às novas mídias, uso das redes sociais para o fortalecimento da luta sindical. Esses foram alguns dos temas tratados no 3 Seminário de Comunicação da CNTE, que está acontecendo nesta quarta e quinta-feiras (15 e 16) em Brasília, com a participação dos sindicatos filiados e especialistas de mídia



"Colocamos as redes sociais na agenda dos sindicatos"

O Secretário de Imprensa e Divulgação da CNTE, Alvísio Jacó Ely comenta o sucesso do 3º Seminário de Comunicação da CNTE

Terminou hoje o 3º Seminário de Comunicação da CNTE, realizado em Brasília com a temática A Força das Redes Sociais na Luta Sindical. O evento teve o apoio da Secretária Nacional de Comunicação da CUT (Secom) e reuniu especialistas em comunicação e representantes dos sindicatos filiados para discutir o potencial das redes sociais como ferramenta para fortalecer a luta e a imagem dos trabalhadores em educação.

Representantes de 18 sindicatos filados à CNTE participaram das atividades. Eles contribuíram com o debate relatando as estratégias de comunicação utilizadas e os desafios enfrentados na área em seus respectivos estados. Além do debate teórico acerca das novas tecnologias e seu papel na luta trabalhista, também foram realizadas oficinas práticas, nas quais os participantes aperfeiçoaram seus conhecimentos de redes sociais e tiveram a oportunidade de trabalhar com vários tipos de linguagens e plataformas, tais como facebook, twitter, youtube, blogs e sites.

Os sindicatos já aproveitaram os conhecimentos adquiridos para partilhar suas impressões e expectativas sobre o Seminário. Com vídeos, textos e imagens, os participantes fizeram suas informações repercutirem na internet e já começam a se organizar em uma "rede de comunicação".

O Secretário de Imprensa e Divulgação da CNTE, Alvísio Jacó Ely considera que os objetivos propostos para o Seminário foram alcançados: "Conseguimos mexer com os participantes, inflamar as discussões e colocar o assunto na agenda dos nossos sindicatos". Segundo o Secretario, o evento é de extrema importância para nortear as ações e estratégias a serem utilizadas pelos sindicatos para "se apossar" das novas mídias: "A nossa luta hoje é por uma reforma na comunicação. Precisamos nos apoderar dessas ferramentas para construir uma comunicação mais verdadeira, igualitária, para acabar com o latifúndio comunicacional", concluiu. 

Fonte: CNTE 16/08/12

sábado, 25 de agosto de 2012

Governo cobra rapidez na reforma do ensino médio

Temos que forma avançar nesta direção. Sabemos que qualquer mudança só pode acontecer a partir de um pacto com os secretários", afirma o titular do MEC em entrevista ao Correio.

A discussão é bem antiga dentro do MEC, mas foi tirada da gaveta pelo ministro após a divulgação do baixo desempenho e da estagnação (veja arte) dos alunos do ensino médio no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2011, na última terça-feira. Com isso, o ministério se viu forçado a acelerar as mudanças. Mercadante defende um currículo redefinido com base nas áreas de competência cobradas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) - matemática e suas tecnologias; linguagens, códigos e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias. "Essa divisão ajudaria a flexibilizar o currículo. A ideia não é substituir disciplinas e, sim, trabalhar com uma coordenação pedagógica que integre as áreas", defende Mercadante. O ensino médio da rede pública tem hoje 13 disciplinas obrigatórias, mas pode chegar a até 19, se levadas em consideração as opcionais.

A ideia do MEC para os próximos anos é usar o Enem e não mais a Prova Brasil como forma de avaliação dos alunos do ensino médio. Segundo Mercadante, eles não têm estímulo para fazer a Prova Brasil. Como a avaliação ocorre por amostragem, dos 2,2 milhões de estudantes matriculados na etapa escolar no ano passado, só 70 mil participaram. "O Enem hoje é quase censitário. É mais amplo. Não dá para fazer uma análise conclusiva em relação ao ensino médio só com base nesses dados do Ideb. Mas, é claro, que o quadro preocupa", diz Mercadante.

Para Wanda Engel, consultora na área de educação e professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), mudanças na grade do ensino médio são essenciais. Mas, para o currículo ser enxugado, é necessário que se avaliem quais são as expectativas mínimas para o aprendizado do aluno. "O perigo é que tudo seja visto de forma superficial. O mínimo tem de ser oferecido a todos e é preciso ter condições de oferecer aprofundamento a quem desejar. Primeiramente, o MEC e o CNE precisam decidir qual é esse mínimo", acredita. A especialista defende que a pasta e as secretarias de Educação nos estados tenham escolas com currículos voltados para diferentes áreas. Assim, o estudante escolhe a instituição de ensino mais adaptada ao seu interesse.

Coragem

Já o secretário de Educação de Goiás, Thiago Peixoto, levará como sugestão ao ministro, na reunião de terça-feira, a criação de um currículo referência para os estados e a implementação de um programa específico de escolas em tempo integral no ensino médio. "O embate político e ideológico muitas vezes atrapalha a implementação dessas políticas. Por isso, o MEC precisa ter coragem para fazer o que eles sabem que precisa ser feito", avalia.

Desde 2009, o MEC mantém o programa Ensino Médio Inovador, que visa ampliar o tempo dos estudantes na escola, buscando garantir a formação integral com a inserção de atividades mais dinâmicas. A iniciativa, porém, ainda não decolou de fato. Atualmente, das quase 19 mil escolas públicas com ensino médio, somente 2 mil contam com o programa.


Dilma destaca melhora do ensino nas escolas de tempo integral

O programa de ensino integral Mais Educação, realidade em 32 mil escolas públicas de todo o país, foi o tema do programa de rádio Café com a Presidenta desta segunda-feira, 20. Metade das escolas atendidas pelo programa, nas quais a maioria dos alunos recebe o benefício da Bolsa-Família, está situada em regiões pobres, com baixos resultados no índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb).

“Todo país que se desenvolveu, que saiu da condição de país pobre e que se mantém na condição de país desenvolvido apostou na educação em tempo integral para todas as crianças”, disse a presidenta da República, Dilma Rousseff. “Nosso objetivo é ampliar o tempo de estudo da criança e do jovem na escola, com maior acompanhamento dos professores.”

O programa Mais Educação, lançado em 2007 pelo Ministério da Educação, amplia a jornada escolar diária para o mínimo de sete horas, com prioridade para atividades culturais, esportivas e de acompanhamento pedagógico, principalmente em matemática e língua portuguesa. “O Ideb mostra que o aprendizado melhorou muito nas escolas com tempo integral”, salientou Dilma. “Por isso, a educação em tempo integral é tão importante, principalmente quando, junto com ela, vem a melhora dos currículos que nós estamos promovendo no ensino médio.”

Fonte: MEC – Assessoria de Comunicação Social - 20.08.12 

O IDEB e a Avaliação da Qualidade da Educação Básica

A divulgação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB - 2011) movimentou a semana no país. O IDEB é formado por dois indicadores: os resultados das provas de português e matemática aplicadas aos estudantes do 5º e 9º ano do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio e a taxa de aprovação dos alunos. Portanto, é um instrumento limitado para avaliar a educação básica por não considerar outros indicadores importantes no processo de avaliação, tais como: variáveis socioeconômicas dos alunos, o lugar onde as escolas funcionam, os insumos que existem em cada escola e a política de valorização dos profissionais da educação.

Os trabalhadores em educação consideram importante estabelecer mecanismos de aferição sobre o aprendizado do aluno e de seu próprio trabalho. Contudo, não admitem que a responsabilidade de todo um sistema recaia somente na escola e em seus atores. É preciso considerar o universo das políticas públicas, a efetiva aplicação dos recursos e o comprometimento dos gestores. Investir na avaliação processual, qualitativa e de caráter sistêmico e democrático, compreendendo-a como instrumento de aperfeiçoamento do processo educacional e balizador para elaboração das políticas educacionais é a opção que indicamos. Devemos avançar nos estudos e avaliações das experiências de organização da escola por ciclos de formação, trazendo para o debate os professores, funcionários, pais e comunidade (CNTE, 2008).

Em nota pública, sobre o projeto de lei do Plano Nacional de Educação, o Fórum Nacional de Educação afirmou que "a qualidade da educação não deve ser vinculada a um único índice, como o IDEB". Indicando que devemos ter "diretrizes operacionais e conceituais da avaliação que visem à melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem, de modo a alcançar o padrão de qualidade e equidade constitucionalmente determinados".

A relação das melhores e piores escolas divulgadas pelos meios de comunicação e a utilização deste formato pelos sistemas de ensino, em nada contribui para garantir o direito fundamental de aprender dos alunos. É com base nesta classificação equivocada que o Governo do Estado de Pernambuco aplica a política de gerenciamento na educação básica, atuando com medidas que mantém sobre pressão os trabalhadores em educação e com pagamento de bônus para os que aumentam a nota da escola no IDEB. Em que mudou a qualidade da educação no estado desde aplicação destas medidas a partir do ano de 2007?

Continuamos com muitas deficiências na educação básica: na formação, remuneração, carreira e condições de trabalho para os profissionais da educação. Na infraestrutura, falta de equipamentos, de material didático, de ventilação e até mesmo no acesso a água nas escolas. No transporte, alimentação, material de uso pessoal e na organização dos estudantes.

Como conseqüência destas deficiências temos os resultados abaixo do estipulado na meta do IDEB para 2011. Mais uma vez chamamos atenção da Secretaria de Educação e do Governo do Estado de que as políticas educacionais aplicadas não atendem a demanda, nem o direito do cidadão e da cidadã a uma educação pública com qualidade social.

Convocamos a categoria e a sociedade em geral para se manifestar e mostrar sua indignação com o fato de ter notas 3,5 no ensino fundamental e 3,4 no ensino médio. Não podemos aceitar que entre governo e saia governo e situação do nosso povo não mude. Quase metade da população com 15 anos de idade ou mais são analfabetos e analfabetos funcionais. As crianças e jovens que tiveram acesso a escola pública não aprende ou tem muitas dificuldades para aprender. Um pouco mais de 147 mil pessoas com idade entre 4 e 17 anos de idade estão fora da escola. Vamos mobilizar, vamos lutar para alterar este cenário negativo nas terras pernambucanas.

Nós do SINTEPE estamos fazendo a nossa parte. Na nossa agenda de luta e mobilização neste segundo semestre realizaremos uma conferência de educação no mês de agosto, marcha e ato público em setembro, seminário internacional sobre trabalho docente no mês de outubro, atividades de ruas nos meses de novembro e dezembro. Venham conosco fazer valer o direito a uma educação escolar básica pública com qualidade social para todos e todas, que necessariamente passa, pela valorização dos trabalhadores em educação e pelo respeito aos estudantes e seus familiares. Não se iluda, venha pra luta.

Heleno Araújo Filho

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Governo censura trabalhador até na inauguração de SRE

O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) denuncia mais um caso de censura e cerceamento à liberdade de expressão do trabalhador pelo Governo do Estado.

Na última segunda-feira (13/08), foi inaugurada, pela manhã, a nova sede da Superintendência Regional de Ensino (SRE) de Coronel Fabriciano. O evento, que deveria ser democrático e uma celebração da educação com participação daqueles que contribuem para o progresso do ensino, foi marcado por luto e censura.

Presente ao encontro, a Secretária de Estado de Educação, Ana Lúcia Almeida Gazolla, se reuniu com a equipe gestora a portas fechadas, como forma de inibir manifestações dos servidores.

Não bastasse oferecer um banquete aos gestores e à Exma. Sra. Secretária, os servidores de carreira da SRE foram impedidos de se manifestarem, sendo obrigados a se vestir de preto e branco (ou preto e pranto) para cumprir uma ordem da chefia imediata.

Porém, o preto prevalece, em seu sentido subjetivo, ao transformar um evento de inauguração da nova sede, em um evento estritamente político. Por receio de repreensão e represálias, os servidores da SRE Cel. Fabriciano não se identificaram nessa nota. Todavia, os mesmos manifestaram descontentamento generalizado com a atual equipe gestora.

O Sind-UTE/MG repudia qualquer ato de coerção ao direito de expressão do trabalhador, bem como intimidação (velada ou não), por parte da chefia das instâncias do sistema de ensino estadual.

Portanto, fica aqui manifestada a denúncia dos servidores da SRE e de quaisquer outros que vivenciarem situação semelhante.

Sind-UTE-MG nas redes sociais

O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais apresenta as suas mais novas ferramentas de interação com o internauta: os canais do Sind-UTE/MG no facebook e no YouTube. Tratam-se de espaços legítimos e irrestritos para o trabalhador da educação manifestar-se, mostrar sua cara e revelar a imagem da luta pela implantação do Piso, carreira e educação de qualidade.








Sind-UTE/MG realiza ato na Cidade Administrativa por Ipsemg de qualidade

A Cidade Administrativa voltou a ter manifestações de servidores públicos indignados com o descaso do Governo do Estado.

A manifestação, coordenada pelo Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), foi realizada nessa terça-feira (21/08) e contou com caravanas de diversas regiões do Estado. Os trabalhadores em educação se concentraram em frente ao Edifício Minas – onde fica a Secretaria de Estado de Educação – e protestaram. Em pauta, os inúmeros problemas que a categoria tem enfrentado em relação ao IPSEMG: atendimento precário, falta de investimento em especialidades e exames no interior do Estado, diminuição das Agências de Atendimento e mudança na forma de contribuição. 

Aparato policial - O uso do carro de som foi proibido e o aparato policial, com a presença do batalhão de choque e cavalaria, demonstrou a forma como o Governo do Estado recebe os trabalhadores em sua sede.

Realidade - Situação vivenciada na pele pela professora aposentada Ana Lúcia Moreira, 67 anos: após ter lecionado durante 30 anos em Belo Horizonte, ela esperava poder contar com um atendimento digno. Para ela, a mobilização da categoria é fundamental para pressionar o Governo.

“O problema é de todos nós, o Ipsemg é nosso e não do Governo. O desconto é feito em nosso contracheque e, por isso, toda a categoria deve se mobilizar. Além disso, estou pagando por uma coisa que eu não estou utilizando, porque sou forçada a procurar um médico particular, se quiser ter o meu tratamento”, afirmou.

Vinda com caravana da subsede de Juiz de Fora, na Zona da Mata, e participante desde a primeira caravana dos aposentados, a professora aposentada Maria Elisa Barone, 78 anos, também destacou a importância de mobilizar a categoria, em especial, os aposentados. “Não tem idade para lutar. Os aposentados são uma força que ainda não se descobriram. Porque eles também contribuem e continuam tendo os descontos em seus contracheques e, por isso, devem lutar junto do pessoal da ativa por um atendimento digno no Ipsemg”, ponderou.

O Auxiliar da Educação Básica e diretor estadual do Sind-UTE/MG Jonas Willian Pereira, avaliou a mobilização na Cidade Administrativa. “Nós, trabalhadores da ativa, e aposentados, é quem somos os proprietários do Ipsemg. E da forma como o Instituto se encontra hoje, não é possívelaceitá-lo. Por isso, precisamos abrir um diálogo com o Governo. Apesar de o Sindicato já ter se reunido antes e protocolado as reivindicações, o Estado vai postergando e nos enrola para solucionar o problema que se arrasta em toda Minas Gerais. Eu mesmo preciso fazer uma cirurgia para retirada de hérnia. Já fiz o risco cirúrgico, mas corro o risco de perder os exames por não conseguir marcar o procedimento no Ipsemg”, explica.

Cones - Na ocasião, estava agendada a reunião do Comitê de Negociação Sindical (Cones), que contaria com a presença da Secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Renata Vilenna e a Presidenta do Ipsemg. Diante da mobilização do Sindicato, o Governo optou por cancelar a reunião. 

Problemas sem resposta - Para a coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira, a categoria está indignada com a situação do Ipsemg. Ela explica que o Sindicato já participou de audiência pública na Assembleia Legislativa, quando foram apresentados os problemas de atendimento de várias cidades, que evidenciam que o serviço prestado em várias regiões do Estado é muito precário. Dentre as revelações feitas pelos educadores/as, estão a demora no atendimento, além da falta de especialidades. Os problemas também foram apresentados diretamente ao Ipsemg, mas a entidade ainda não recebeu resposta.

O atendimento da perícia também foi questionado pelo Sindicato. Outra questão já denunciada pelo Sind-UTE/MG foi a situação das perícias médicas. Em algumas regiões do Estado como em Janaúba, a perícia tem sido usada para constranger os trabalhadores, uma vez que o perito questiona até mesmo a participação do servidor em atividades do Sindicato. 

As subsedes do Sind-UTE/MG informam a realidade das unidades do IPSEMG no estado de Minas Gerais. Acompanhe:

Araguari

O atendimento foi reduzido.

Araxá

Os problemas com o Ipsemg na cidade aumentaram. As cotas para exames de rotina esgotam rapidamente, não atendendo a toda a demanda. Consultas têm sido desmarcadas constantemente devido ao crescente descredenciamento de médicos, clínicas e hospitais. Quem necessitar de atendimento de urgência, após a distribuiçãodas cotas no início de cada mês, tem que recorrer à iniciativa privada. Exames como ultrassom, mamografia, tomografia e outros chegam a demorar até 60 dias para serem realizados. Os servidores designados não conseguem nada pelo Ipsemg após 15º dia de licença-médica, mesmo aqueles que têm contrato até dezembro do ano em curso. O Ipsemg não dá retorno da documentação exigida e enviada.

Bambuí

Não tem atendimento.

Belo Horizonte

A categoria enfrenta problemas com cotas insuficientes, cirurgias desmarcadas e dificuldade de agendamento de consultas e exames.

Bom Despacho

O atendimento médico é feito apenas por dois médicos. Já o atendimento laboratorial é somente para exames básicos. Não há serviços de raio-x, internações e fisioterapia. Também não há credenciamento de especialidade como ginecologia, neurologia e pediatria. Para a realização de exames mais complexos é necessário o deslocamento até Belo Horizonte e ainda assim, normalmente, os exames são desmarcados.

Carangola

As cotas para exames laboratoriais são insuficientes diante da demanda da região e as cirurgias são desmarcadas.

Iguatama

Sem atendimento.

Itabira

As cotas para consultas são insuficientes para a demanda da região.

Ituiutaba

Os trabalhadores em educação sob a abrangência da Agência do Ipsemg em Ituiutaba continuam sem assistência médica a que têm direito desde 2004. A situação, que já era precária, se agravou ainda mais ao longo desses anos. O atendimento do Instituto passou de precário a inexistente, com denúncias de cobranças indevidas de taxas.

Juiz de Fora

As cotas foram diminuídas em 50%, com exceção de hemodiálise e oncologia.

Lagoa da Prata

Não há atendimento de laboratório clínico e radiografia. Inúmeras consultas foram suspensas e a agência do Ipsemg passou a ser posto.

Moema

Sem atendimento.

Muriaé

O Centro Diagnóstico do Hospital São Paulo de Muriaé, onde os servidores fazem exames paralisou o atendimento em 2011. Vários dentistas estão pedindo o descredenciamento por atraso de pagamento. Médicos de algumas especialidades estão parando de atender por causa do atraso no pagamento.

Ubá

Não há atendimento de neurologista, psiquiatra, pneumologista, psicólogo e nutricionista.

Uberaba

Consultas desmarcadas e cirurgias adiadas por tempo indeterminado e sem justificativas, alguns médicos continuam na lista do Ipsemg, porém, não estão marcando consultas.

Uberlândia

O Hospital Madrecor foi credenciado em abril de 2009 e veio absorver uma demanda reprimida superior a 20 anos com mais de 30.000 servidores e dependentes distribuídos em cerca de 40 municípios. Os trabalhadores da rede estadual de Minas Gerais reivindicavam uma unidade que os reconhecesse enquanto servidores cadastrados no Ipsemg. Após várias negociações entre Governo, Sindicato e Ipsemg, conquistamos o credenciamento desta instituição.

Mas em 2011, ocorreu a suspensão do atendimento, prejudicando a categoria de toda a região. Não há outro atendimento no interior do Estado e, devido à demanda, não podemos nos descolocar até à capital mineira. Os servidores usuários do Hospital começaram a reclamar da restrição ao atendimento por conta da “Cota Contratual” entre Madrecor e Ipsemg uma vez que, extrapolando o teto acordado, o procedimento está sendo negado ao usuário.

Itajubá

Foi elaborado um abaixo-assinado e entregue às autoridades para tentar impedir que a sede regional do Ipsemg fosse rebaixado a posto regional, o que não adiantou. Hoje, o Ipsemg em Itajubá funciona somente como posto regional.

Pará de Minas

Há um número reduzido de médicos credenciados na cidade. Muitas especialidades como cardiologia, geriatria e ortopedia não têm médicos credenciados. Os exames laboratoriais são limitados. Geralmente na primeira semana de cada mês já se esgotam o número de fichas para os exames. Qualquer exame que for solicitado após o encerramento da distribuição das fichas, deve ser pago pelo servidor, mesmo se for considerado caso de urgência. O hospital da cidade (Hospital Nossa Senhora da Conceição), já suspendeu por diversas vezes o atendimento aos usuários do Ipsemg, alegando atraso do repasse dos valores devidos. 

Muitos servidores reclamam também do atendimento na agência do Ipsemg local. Há relatos de tratamento inadequado aos usuários e demora no atendimento.

Unaí

Há somente um clínico-geral atendendo. O paciente marca no primeiro dia útil do mês e aguarda a data do agendamento. Caso precise realizar algum exame, é necessário ir até Patos de Minas.

Governador Valadares

Com o término da greve de 2011, os usuários do Ipsemg em Governador Valadares tiveram dificuldade em utilizar os serviços oferecidos pelo mesmo. Como os servidores tiveram os salários cortados, ocorreu que, por aproximadamente dois meses, não houve desconto em folha da mensalidade do Instituto e assim, os mesmos ficaram sem atendimento com os cartões bloqueados. No mês seguinte foram descontados os meses atrasados e essa situação se regularizou. Pagamos, mas não usamos.

Entre o fim de 2011 e o início deste ano, os usuários do Ipsemg vem tendo dificuldade em utilizar os serviços oferecidos pelo mesmo, devido a renovações de contratos que até a atual data não foram resolvidos, o que vem acarretando dificuldades em obter atendimento em vários setores. Quando existe um local ou especialista que atende pelo Ipsemg as cotas são reduzidas, não suprindo a necessidade da região. Assim, o usuário tem que esperar meses para conseguir uma vaga para ser atendido.

Sete Lagoas

O atendimento é feito por meio de cotas, ou seja, no início do mês as pessoas enfrentam longas filas para autorizar e marcar consultas e exames. Caso o número de cotas termine, somente no próximo mês é que novamente serão abertas novas cotas, prejudicando o servidor.

Nas especialidades médicas como fonoaudiólogo, otorrino, psiquiatra, cardiologista, mastologista, geriatra, entre outras, além da psicologia, não há atendimento.

As cotas são insuficientes para exames mais complexos como ultrassom, mamografia, raio X e tomografia - quase não se consegue agendamento devido a poucas cotas. O exame de citologia (prevenção ginecológica) não é feito por nenhum laboratório. Caso a pessoa precise, esta deve pagar pelo serviço e, para exames de sangue de rotina, o número de cotas também é pequeno frente à demanda.

Há um convênio com o Hospital Nossa das Graças, mas é muito precário, às vezes não tem médico especialista de plantão, como por exemplo pediatra.

Manhuaçu

As características do atendimento na cidade são: precário, faltam médicos especialistas em todas as áreas, laboratório não atende a demanda e não tem clínicas conveniadas para outros exames de maior complexidade.

Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo

Na agência do Ipsemg de Coronel Fabriciano, o atendimento é precário. A marcação de consulta para clínico geral na agência é quase impossível, há apenas um médico. Há especialistas como cardiologistas e ortopedistas que pré-agendam com muito tempo de antecedência. Já a Odontologia, há apenas dois dentistas para atender a região.

Alguns laboratórios de análises clínicas agendam exames no dia 15 do mês para atendimento nos três primeiros dias do mês subsequente. Outros agendam no último dia do mês para atendimento do mês de subseqüente apenas 10 pessoas por dia. A cota dura cinco dias.

Os procedimentos de ultrassonografia e mamografia são agendados para outubro/novembro, podendo ser feitos também em Governador Valadares. Exames mais complexos como ressonância magnética e tomografia computadorizada podem ser realizados na cidade de Governador Valadares.

Caratinga

A demanda é grande e há poucos médicos credenciados. Dos poucos credenciados, alguns já estão com consultas marcadas até agosto e não há mais vagas. Os casos de emergência são atendidos apenas na Casa de Saúde, onde nem sempre encontramos médicos especializados.

Viçosa

O posto de informações foi fechado sem prévio aviso, transferindo assim toda a demanda do agendamento para Ponte Nova. Os agendamentos de consultas continuam precários, e as redes de atendimento do IPSEMG na cidade são escassas e diversas especialidades fundamentais não possuem cobertura médica na cidade, o que força os usuários a percorrerem várias cidades da região na busca de atendimento médico qualificado.























Fotos: Taís Ferreira

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Notícias da CNTE

Presidente da CNTE convoca trabalhadores para a marcha em setembro

Assista ao vídeo em que Roberto Franklin de Leão convoca os professores e demais trabalhadores da Educação a participar da grande marcha nacional que acontece em 5 de setembro, na Semana da Pátria, para reivindicar as principais bandeiras de luta da categoria.


Governo apresenta recurso ao PNE

Medida deve inviabilizar a votação do Plano esse ano

No início da noite do último dia previsto pelo regimento da Câmara dos Deputados para apresentação de recurso à votação do PNE, ocorrida na Comissão Especial do Plano Nacional de Educação (a qual aprovou 10% do PIB para a educação), o Governo emitiu ordem a seu líder no sentido de protocolar o expediente postergatório que, segundo as intenções do Governo, só será apreciado pelo plenário da Câmara após as eleições municipais. E isso, sem nenhuma dúvida, impedirá a aprovação do PNE no Congresso, neste ano de 2012, pois a matéria ainda terá de passar pelo Senado e, muito provavelmente, retornar à Câmara Federal.

A CNTE já havia adiantado que essa medida governamental significaria um “tiro no pé”, sobretudo por duas razões: primeiro, porque afronta os interesses da maioria da sociedade civil, em especial dos movimentos sociais engajados na luta pela universalização da educação de qualidade; segundo, porque condiciona o país a ficar ao menos 4 anos sem uma legislação prevista na Constituição, de extrema importância para dirimir as políticas públicas educacionais de forma coesa e equânime. Não nos esqueçamos de que após a aprovação do PNE no Congresso, estados, DF e municípios terão mais um ano para aprovarem seus planos de educação em consonância com as metas nacionais - não obstante os mesmos poderem adiantar a feitura de suas leis locais para posteriormente adaptá-las ao PNE.

No próximo dia 5 de setembro, a CNTE e a CUT, através de seus sindicatos filiados e de outras organizações sociais e sindicais, marcharão em Brasília para cobrar a aprovação imediata do PNE - com 10% do PIB para a educação e com a destinação dos royalties do petróleo para o setor - e o cumprimento do piso salarial do magistério, sem alteração do critério de atualização do valor monetário e respeitando-se sua vinculação à jornada extraclasse e aos planos de carreira da categoria.

Os/As trabalhadores/as em educação não admitirão que desculpas envolvendo a crise mundial retirem ou inibam os investimentos necessários à melhoria da qualidade da educação e à valorização de seus profissionais e dos demais servidores públicos em greve no país. Até porque para o setor produtivo (privado) o governo não tem medido esforços para liberar recursos públicos, seja por vias de empréstimos, seja por desonerações fiscais que, em última análise, comprometem as políticas sociais.

Lamentavelmente, a estratégia do Governo Dilma tem sido a de enfrentar sua base social, e isso pode trazer sérias consequências para o projeto inicialmente traçado pelo presidente Lula, que tem por meta promover a inclusão social, a valorização do serviço público e de seus servidores de carreira, o resgate das políticas sociais, em especial a educação, coisas que agora começam a se esgarçarem com medidas como a do recurso ao PNE e de truculência e desrespeito do Governo para com os servidores em greve.

Nosso compromisso é com a defesa dos interesses do Brasil, que perpassam pela qualidade dos serviços públicos e a valorização dos servidores. Por esta razão, estamos disponibilizando a lista dos parlamentares que assinaram o recurso ao PNE, para que a sociedade possa cobrá-los e os convencerem a retirar as assinaturas.

10% ainda é pouco

Depois de 18 meses de tramitação, a Comissão Especial do Plano Nacional de Educação na Câmara concluiu a votação do novo Plano Nacional de Educação.

O texto, que ainda precisa passar pelo Senado, estabelece 20 metas que o país deve atingir no prazo de dez anos. Entre elas: fim do analfabetismo, aumento do atendimento em creches, ensino em tempo integral em ao menos 50% das escolas públicas e o crescimento da fatia da população com ensino superior.

Ao longo de todo o debate na Câmara, no entanto, o maior embate foi sobre o aumento dos recursos para a educação. Atualmente, União, Estados e municípios aplicam, juntos, cerca de 5% do PIB no setor. De acordo com a proposta inicial do governo, a meta de financiamento do PNE seria de 7% do PIB em dez anos.

Mas há muito tempo movimentos sociais, estudantes e profissionais da educação reivindicam um aumento significativo de recursos. Já no primeiro PNE (2001 - 2011), vetado por FHC, o Congresso tinha aprovado 7% do PIB para a educação. Dez anos depois, o governo Dilma propôs o mesmo índice para 2021, o que gerou protestos em todo o país.

Durante a tramitação na Câmara, o valor foi sendo ampliado. Mas, para especialistas, continuava insuficiente para que a educação superasse o seu atraso histórico.

Desde os anos 90, pesquisas apontam os 10% do PIB como patamar mínimo a ser investido, ao longo de vários anos, para garantir acesso, permanência e qualidade na educação e superar problemas estruturais.

Após muita pressão dos movimentos e de partidos como o PSOL, um acordo feito entre governo e oposição garantiu a aprovação dos 10% na comissão especial. O governo se comprometeu a investir 7% do PIB na educação nos primeiros cinco anos de vigência do plano (até 2016) e 10% ao final de dez anos (até 2021). A aprovação de forma escalonada, no entanto, não garante por si só a melhoria dos problemas.

Quando falamos em qualidade social da educação, é fundamental considerar o custo-aluno-qualidade e aspectos como a redução do número de alunos em sala de aula, valorização, salários dignos e formação continuada dos docentes. Para garantir tudo isso, é fundamental recursos suficientes.

Países da OCDE que hoje investem entre 5 e 6% de seu PIB no setor já superaram aspectos como esse, sobretudo porque investiram, durante muito tempo, patamares bastante superiores a 10% do PIB na educação. O Brasil, portanto, ainda não fez sua lição de casa.

O governo e setores contrários ao aumento do financiamento da educação dizem que destinar 10% do PIB ao setor é perdulário, num contexto em que faltam recursos.

É preciso lembrar, no entanto, que os R$ 450 bilhões a mais que agora devem ser aportados à educação, no período de dez anos, estão muito distantes do que o governo gastará no mesmo período com o pagamento de juros da dívida pública.

Só em 2011, foram R$ 230 bilhões. Ou seja, o governo aceita gastar R$ 230 bilhões ao ano em juros da dívida, mas diz não ter R$ 450 bilhões em dez anos para a educação.

A presidenta Dilma ainda ameaça levar a discussão do PNE para o plenário da Câmara e tentar mudar o texto no Senado. Ou seja, ainda há muita luta pela frente.

Como o PNE não prevê sanção no caso de descumprimento de suas metas, somente a mobilização popular nas ruas e no Parlamento pode garantir a aplicação correta da porcentagem do PIB na educação.

É necessário, assim, que os setores que se preocupam com a qualidade da educação continuem alertas. Do contrário, a conquista dos 10% do PIB pode não sair do papel.

Deputado Ivan Valente
66, engenheiro mecânico, é deputado federal pelo PSOL-SP e presidente nacional do partido. Integrou a comissão especial do PNE na Câmara

Ministro defende que todos os royalties do Pré-sal sejam dirigidos à Educação

Em audiência realizada na quinta-feira (9) com a CNTE, o Ministro da Educação, Aloísio Mercadante, reafirmou a determinação do ministério em garantir o aumento real do piso do magistério. Ele disse ainda, que vai buscar apoio para aumentar os recursos do orçamento do MEC. "Não vejo a menor chance de aumentar impostos na atual conjuntura. A fonte que existe são os royalties. Eu estou defendendo 100% dos royalties do Pré-sal para a educação", afirmou.

O presidente da CNTE, Roberto Leão, reiterou a necessidade da abertura de mesa de negociação, com a participação da Undime e do Consed, para tratar do PL 3776/08 - que tramita na Câmara e muda o índice de reajuste do piso. Ele também salientou a necessidade de discutir da regulamentação da jornada de trabalho, conforme o parecer 9/2012 da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE), relatado pela conselheira Maria Izabel Azevedo Noronha, item da Lei do Piso ainda não cumprido pela maioria dos estados e municípios brasileiros. Essa discussão deverá ser feita com a participação das três entidades e do CNE. O ministro Mercadante se comprometeu a marcar a reunião para discutir os dois temas na semana de 20 a 24 de agosto.

Além do presidente Roberto Leão, também estavam presentes na audiência, pela CNTE, o vice-presidente Milton Canuto; a secretaria geral, Marta Vanelli; o secretário de Assuntos Educacionais, Heleno Araújo, o coordenador do Departamento de Funcionários, Edmilson Lamparina; e o secretario-executivo, Joel de Almeida Santos. Pelo MEC também participaram o secretário executivo, José Henrique Paim Fernandes; o secretario executivo adjunto, Francisco das Chagas Fernandes; e o assessor Carlos Ramiro de Castro.

CNE discute normatização da jornada do magistério

A Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE) discutiu a normatização da jornada de trabalho do magistério em sua reunião do dia 8 de agosto. No foco do debate estava o cumprimento de um terço da jornada para a hora-atividade, conforme previsto na Lei 11.738 (Lei Nacional do Piso). A matéria foi relatada pela conselheira Maria Izabel Azevedo Noronha, presidente da Apeoesp e vice-presidente da CEB/CNE.

Clique aqui para assistir a reportagem em vídeo.

Senado aprova política de cotas em universidade federais

A política de cotas para o ingresso nas universidades e escolas técnicas federais foi aprovada pelo plenário do Senado na noite da terça-feira (8). A matéria segue agora para a sanção presidencial. Pelo Projeto de Lei da Câmara (PLC) 180/2008, pelo menos 50% das vagas por curso e turno dessas instituições devem ser reservadas para quem tenha feito o ensino médio integralmente em escola pública. Além disso, para tornar obrigatórios e uniformizar modelos de políticas de cotas já aplicados na maioria das universidades federais, o projeto também estabelece critérios complementares de renda familiar e étnico-raciais.

Dentro da cota mínima de 50% haverá a distribuição entre negros, pardos e indígenas, proporcional à composição da população em cada estado, tendo como base as estatísticas mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A política de cotas tem validade de dez anos a contar de sua publicação.

A medida foi defendida pelo senador Paulo Paim (PT-RS), que informou que, de cada dez alunos do país, apenas um estuda em escola privada. Ou seja, o projeto beneficiaria a ampla maioria dos estudantes brasileiros. A senadora Ana Rita (PT-ES) também saiu em defesa da proposta, garantindo que o projeto faz “justiça social com a maioria da população brasileira”.

Já o senador Pedro Taques (PDT-MT) citou os Estados Unidos como exemplo bem-sucedido da política de cotas nas universidades. Ele disse que o país, que era extremamente racista em um passado próximo, após adotar a política de cotas raciais nas universidades tem agora um presidente negro. Para o senador, no Brasil é preciso adotar ações afirmativas para assegurar oportunidade a todos.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Senado aprova cota de 50% nas universidades federais



Proposta encerrou tramitação no Congresso e vai para sanção presidencial.
Reserva combina critérios de renda, etnia e permanência em escola pública.

Os senadores aprovaram em plenário, na noite desta terça-feira (7), o projeto que destina 50% das vagas em universidades federais para estudantes oriundos de escolas públicas. O projeto foi aprovado de forma simbólica pelos senadores. O único voto contrário manifestado foi do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP). Agora, será encaminhado para sanção da presidente da República, Dilma Rousseff.

O projeto aprovado pelo Senado combina cota racial e social. Segundo o texto, enquanto metade das vagas oferecidas serão de ampla concorrência, a outra metade será reservada seguindo três fatores: cor, rede de ensino e renda familiar.

A cota racial será diferente em cada universidade ou instituto da rede federal. Estudantes negros, pardos e índios terão o número de vagas reservadas definido de acordo com a proporção dessas populações apontada no censo do IBGE de 2010 na unidade da federação em que está a instituição de ensino superior.

As demais vagas reservadas serão distribuídas entre os alunos que cursaram o ensino médio em escola pública, sendo que no mínimo metade da cota (ou 25% do total de vagas) deverá ser destinada a estudantes que, além de ter estudado em escola pública, sejam oriundos de famílias com renda igual ou inferior a um salário mínimo e meio per capita.

As universidades deverão selecionar os alunos de instituições públicas com base no coeficiente de rendimento.

A proposta exige que as instituições ofereçam pelo menos 25% da reserva de vagas prevista na lei a cada ano, a partir de sua publicação no "Diário Oficial da União". O prazo para o cumprimento integral das novas regras é de quatro anos.

Discussão

Durante a discussão da matéria nesta terça, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) considerou a proposta como uma “violência à autonomia das universidades”. "“Ele [projeto] impõe uma camisa de forças para todas as universidades brasileiras", disse o senador Nunes, que se manifestou e votou contra.

Relator do projeto, Paulo Paim (PT-SP) afirmou que muitas universidades já estão se adaptando. "Quem é negro sabe o quanto o preconceito é forte neste país. A rejeição deste projeto é dizer que nós não queremos que negro, pobre e índio tenham acesso a universidade", disse.

A senadora Ana Rita (PT-ES) afirmou que a proposta “faz justiça social”. "Dos 100% de alunos de uma universidade, 50% é de livre concorrência. Os outros 50% é de oriundos de escola pública".

O senador Pedro Taques (PDT-MT), também defendeu a aprovação do projeto. "O que nos falta é o reconhecimento deste preconceito, sim. Quantos negros, ao entrarem numa loja, recebem um olhar diferente? Nós precisamos resolver isto com iniciativas como estas", disse o senador.

Tramitação

O projeto foi proposto em 2008 no Senado, foi alterado na Câmara e voltou para análise dos senadores. Na Câmara, os deputados ampliaram os critérios para as reservas, que se limitavam à origem racial na proposta original. A proposta ganhou força novamente no fim do segundo semestre deste ano. Pouco antes do recesso, líderes fizeram acordo para votação na volta dos trabalhos.

Na tarde desta terça, o relator do projeto, senador Paulo Paim (PT-RS), e representantes de movimentos sociais estiveram reunidos com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), pedindo que a matéria fosse colocada em votação ainda nesta terça.

Questionado sobre o assunto, o presidente do Senado manifestou apoio ao projeto. "Eu apoio totalmente esta iniciativa. Comigo, você não têm de ter nunca nenhuma preocupação. Eu, estando aqui, sempre ajudarei a avançar nesta questão" disse Sarney.

Sarney recebeu das mãos de Mário Theodoro, secretário-executivo da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, uma moção de apoio pela aprovação da proposta. "É fundamental que tenhamos as cotas", defendeu o secretário.

Fonte: Iara LemosDo G1, em Brasília - 07/08/2012 22h09 - Atualizado em 08/08/2012 09h36