segunda-feira, 15 de julho de 2013

Dia Nacional de Luta marca unidade das Centrais e Movimentos Sindical, Social e Estudantil

Trabalhadores em Educação participam do Dia Histórico, após realização de Assembleia Estadual da categoria

Mais de 10 mil pessoas participaram do Dia Nacional de Lutas nesse 11 de julho, em Belo Horizonte. Para a coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) e presidenta da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG), Beatriz Cerqueira, a atividade superou todas as expectativas.

“Um dia histórico. Participaram do Dia Nacional de Luta os movimentos sindical, estudantil, social e as Centrais Sindicais – todos estiveram presentes nas atividades do dia 11 de julho em Belo Horizonte e em várias outras cidades mineiras. Tivemos uma adesão significativa de várias categorias: metroviários, eletricitários, urbanitários, vários setores do comércio, bancários, educação, saúde, metalúrgicos, petroleiros, servidores administrativos da UFMG, nossa Confederação de servidores públicos e a confederação do comércio chamou greve geral, além da juventude organizada que participou das atividades.”

A concentração teve início às 10h na Praça 7, centro da capital, de onde os manifestantes seguiram em passeata pela cidade, que terminou às 18h, na porta da Globo Minas.

Pela manhã, na Assembleia Legislativa, alguns líderes sindicais de várias Centrais entregaram a pauta da classe trabalhadora ao presidente da Casa, deputado estadual Dinis Pinheiro.

Marcha pela Cidade

A caminhada recebeu os trabalhadores em educação na altura da Assembleia Legislativa, que se uniram ao movimento, após a realização de Assembleia Estadual. Segundo Beatriz Cerqueira foram definidos os pontos de protesto com significado das pautas dos movimentos que estão nas ruas.

Prefeitura de Belo Horizonte: lembrar que a redução da passagem não significa que o prefeito conseguiu resolver todas as demandas populares da capital, por isso, é necessário manter a pressão em relação à Prefeitura.

Banco central: ponto para simbolizar todas as nossas pautas que se relacionam ao governo federal: fim do fator previdenciário, redução da jornada de trabalho sem redução de salário, não à terceirização e o projeto 4330, que está na Câmara dos Deputados, que é prejudicial ao trabalhador.

ALMG e Cemig: foram pontos de protesto contra o governo do Estado. O Executivomineiro não investe o mínimo de 25% na educação e 12% em saúde e a Assembleia Legislativa é conivente com essa prática, aprovando as contas do governo, mesmo sem o investimento mínimo constitucional.

Em relação à Cemig, temos que lembrar que a cada 45 dias morre um trabalhador em serviço. Além disso, a estatal tem uma das mais altas taxas de conta de luz do país, tanto que os movimentos sociais estão organizando um plebiscito, que vai discutir a questão da energia no estado, no final de outubro.

Rede Globo: o objetivo claro é que queremos a democratização dos meios de comunicação. É preciso ouvir igualmente os trabalhadores como ouvem patrões e governos, é necessário que não haja manipulação de informações para que a sociedade saiba dos problemas e cada cidadão possa fazer seu juízo de valores.

Depoimentos

Durante a marcha, os manifestantes ocuparam o Elevado Castello Branco, que dá acesso à Região Noroeste da cidade e exigiram a mudança do nome do viaduto para Dona Helena Greco, ex-vereadora e ativista dos direitos humanos, que morreu em 2011. Para os manifestantes, o elevado deveria simbolizar a vida e não a morte, por lembrar um dos generais que presidiram o Brasil durante a ditadura militar e responsável por assassinatos e desaparecimentos de opositores do regime de exceção.

Segundo Jairo Nogueira – coordenador-geral do Sindieletro e secretário-geral da CUT/MG, as manifestações do Dia Nacional de Luta é um marco no país. “O ato de rua é a forma mais direta da população participar da questão política do Brasil e o clamor dos trabalhadores e da sociedade precisam ser ouvidos. Da mesma forma, o plebiscito, estamos organizando um para final de outubro pela redução da tarifa em Minas, que tem a mais alta conta do Brasil.”

Para o presidente do Sindifisco/MG, Lindolfo Fernandes a força é capaz de promover mudanças. “Estamos denunciando questões de injustiças tributárias aqui no estado e fomos processados pelo governo do estado e pelo PSDB. Sabem porque? O empresário não paga tributo nesse país, só a classe trabalhadora. Estamos na porta da TV Globo, aqui os trabalhadores da emissora pagam 25% de ICMS na conta de telefone enquanto a empresa, nada paga, tem percentual zero. Precisamos mudar esta regra do poder econômico e temos que democratizar essas informações.”

Shakespeare Martins de Jesus, da Direção Executiva da CUT Nacional comemorou a força do Dia Nacional de Lutas em todo o país. “O dia de hoje demonstra a mobilização e unidade dos trabalhadores, era disso que nós estávamos precisando. Depois das várias manifestações em junho, começamos julho com este marco da história dos trabalhadores em MG e no país. O Brasil está totalmente paralisado – rodovias, escolas, bancos, indústrias, então os trabalhadores estão mostrando que estão acordados, mobilizados e queremos que os governos federal, estaduais e municipais abram negociação e discutam com os trabalhadores. Defendemos o fim das terceirizações no país, o fim fato previdenciário, a redução da jornada do trabalho, além de melhorias nos setores como saúde, transporte, educação – queremos que o governo preste atenção e atenda o que os trabalhadores estão reivindicando.”

Para André Veloso, do PSOL e da recém criada Assembleia Popular Horizontal de Belo Horizonte, o Dia Nacional de Luta representa um divisor de água para o Brasil. “Entendemos que este dia é um processo que dá fôlego às manifestações no Brasil todoque, num sentido geral, são pelo empoderamento popular. Queremos que os trabalhadores façam parte do poder, do processo decisório, que o poder não seja concentrado nas mãos de tão poucos. Entendemos também que o processo de luta dos sindicato é muito importante, mas eles têm que conseguir dialogar com essa massa mais ampla que compôs as manifestações em junho, quando criamos Assembleia Popular Horizontal, amplamente democrática, que tenta elaborar pautas pelo debate ecom profundidade para construir um país justo.”

O ato na porta da Rede Globo foi o encerramento da atividade na capital. Na oportunidade, a coordenadora-geral do Sind-UTE/MG defendeu a democratização da comunicação e lembrou a postura da emissora durante a greve histórica dos 112 dias do Sind-UTE/MG. “Esta emissora significa muito para os governos de Minas e para o poder econômico. Não vou me esquecer nunca os 20 segundos que davam aos educadores nas greves e as gravações de estúdio com o governador Antonio Anastasia e a secretária de Administração Renata Vilhena, para que eles pudessem mentir para a população. Queremos que os meios de comunicação nos respeitem, não manipulem as informações, passem a ouvir o povo. O recado está dado e tem outros veículos que merecem a nossa visita”, concluiu Beatriz Cerqueira.

Assembleia Estadual dos Trabalhadores em Educação

Os educadores participaram da Assembleia, que aconteceu no pátio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

O calendário aprovado inclui os dias 07 e 10 de agosto - quando os educadores participarão do Dia D nas escolas estaduais. Também ficou definida nova greve por tempo determinado, 24 horas, no dia 14 de agosto. Na véspera, 13 de agosto, está agendada reunião na Secretaria de Estado da Educação.

A coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira afirma que a paralisação e greve são necessárias porque os retornos do governo têm sido insuficientes, além de ignorar o acordo firmado com a categoria. “Nossa pauta é extensa, mais os principais pontos são o pagamento do Piso Salarial e a carreira. Não é possível que um professor que lecione 15, 20 anos receba o mesmo salário que um profissional que acabou de ingressar na sala de aula, isso é inadmissível.”

Beatriz Cerqueira lembra ainda que tem uma promessa de reunião com o governador Antonio Anastasia para os próximos 15 dias, quando, segundo ela, os problemas da educação serão, mais uma vez, postos na mesa.















Fotografias: Taís Ferreira

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