Um sábado marcado por muitos protestos e denúncias em vários pontos de Belo Horizonte. O saldo dos atos seria extremamente positivo, se não fossem as agressões e a truculência da Polícia Militar contra os manifestantes no final do dia. Duas pessoas caíram do viaduto José Alencar, na região da Pampulha, dezenas ficaram machucadas e 37 foram presas.
A coordenadora-geral do Sindicato Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), Beatriz Cerqueira, lamenta o episódio e rende solidariedade a cada uma dessas pessoas que participaram, em especial àquelas que sofreram algum tipo de agressão. “Nossas reivindicações são muitas e nossa batalha, constante. Vocês são exemplos da resistência. Sofremos perseguição e criminalização das lutas sociais no nosso Estado e nossa força está em cada pessoa, pois, juntos, podemos modificar essa realidade.”
De um lado, nosso objetivo foi cumprido - divulgamos a realidade da educação em Minas, ganhamos visibilidade nos problemas da educação e unificamos com representantes de outras manifestações, cerca de 60 mil pessoas - avalia Beatriz Cerqueira.
“Há muito tempo não via essa aceitação da população em relação a movimentos. A repercussão foi excelente e, por onde passamos, fomos aplaudidos. A atividade cumpriu sua missão, distribuímos nossos materiais para pessoas que entraram no campo, que foram nossa voz no estádio”, afirmou a coordenadora.
A categoria, que está em greve por tempo determinado, realizou ato no entorno do estádio Mineirão, onde, às 16h, aconteceu uma partida de futebol pela Copa das Confederações (México e Japão). Os educadores dialogaram com a sociedade: informaram os problemas vividos e relataram o descaso do governo mineiro em relação à educação para o mundo, uma vez que distribuíram folders em português e inglês. Durante a manifestação, a professora Andressa Rodrigues leu as reivindicações em inglês algumas vezes para atingir, sensibilizar os turistas estrangeiros.
A concentração da categoria teve início às 11h, na porta da Igreja de São Francisco de Assis, conhecida como Igrejinha da Pampulha, em Belo Horizonte. Além dos trabalhadores em educação da rede estadual, que vieram de todas as regiões do Estado, os servidores estaduais da saúde também participaram da manifestação, que contou ainda com representantes da Marcha Mundial de Mulheres.
Participações
O Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais (Sind-Saúde/MG) aderiu à paralisação do Sind-UTE/MG, por decisão de um ato unificado do funcionalismo estadual, exigindo o cumprimento de Acordo de Greve e o Termo de Acordo da Secretaria de Estado da Saúde (SES). Na oportunidade, o coordenador do Sindicato, Renato Barros ressaltou a importância da atividade. “É fundamental dialogarmos com a população mineira, brasileira e com os turistas para denunciarmos as mazelas dos serviços públicos em Minas, que ganhou força com o recente movimento popular que toma conta do país. Exigimos que o Governo reduza o investimento em propaganda e cumpra a Constituição – 12% na saúde e 25% na educação. Estamos unidos e no próximo dia 26 estaremos novamente presentes ao ato.”
Representantes da Marcha Mundial das Mulheres se uniram ao ato do Sind-UTE/MG. Sofia Barbosa relata a satisfação em participar deste momento histórico. “Nos somamos à luta do povo, que está nas ruas, indignado e fazendo muitas reivindicações. Nós, mulheres, já estávamos nas ruas há muitos anos, continuamos, e viemos nos somar, lutando contra a violência contra as mulheres, contra a aprovação do nascituro, e nos juntamos à luta do povo: saúde, educação de qualidade para a população. “É emocionante ver essa multidão, essa manifestação unificada, de milhares de pessoas. A esses manifestantes, nos unimos. O povo precisa mesmo ir às ruas, levantar as bandeiras dos movimentos sociais, dos partidos de esquerda, que querem, de fato, mudar esse país.”
No final da tarde, o Sind-UTE/MG soltou uma revoada de balões com informações da categoria, que coloriu o céu de Belo Horizonte de amarelo e verde.
Manifestação unificada
Ao final do ato, os manifestantes aguardaram representantes de outros protestos para unir forças. Porém, as pessoas que vinham da Praça 7 tiveram dificuldade para entrar na orla da Pampulha, foram barrados por policiais militares e houve confronto. A multidão veio em caminhada do centro, bradando por direitos e pelas mais diversas reivindicações, demonstrando a força da organização popular e exercendo o legítimo significado da cidadania.
A Greve por tempo determinado continua
Beatriz Cerqueira agradeceu a todos que participaram da manifestação e reforçou o pedido para uma grande participação nesta quarta-feira (26.06). O local do ato desta quarta-feira (26.06) ainda será divulgado. O Mineirão receberá a seleção brasileira em mais um combate da Copa das Confederações, novamente às 16h.
Vale informar que o calendário de greve por tempo determinado foi aprovado em Assembleia Estadual. Os dias são 17, 18, 22, 26 e 27 de junho, sendo que nos dias 17, 22 e 26, o ato estadual no entorno da Pampulha, onde acontecem jogos da Copa das Confederações. Já nos dias 18 e 27, as manifestações são regionais e nova Assembleia da categoria está agendada para 04 de julho, às 14h, no pátio do Legislativo Estadual.
No dia 26 próximo, haverá um manifesto geral com a paralisação de várias categorias, a exemplo da educação, saúde, eletricitários e outras. A ideia é ir para as ruas para cobrar por melhorias e pelas pautas de reivindicações.
“Tentamos negociar antes de aprovarmos nossa greve, mas o governo não deu retorno às questões apresentadas. Além disso, não cumpre acordo que assina, não paga o Piso Salarial, a carreira está congelada, a categoria adoecida e a educação desvalorizada”, afirmou a coordenadora-geral do Sind-UTE/MG.
Fotografias: Taís Ferreira
Nenhum comentário:
Postar um comentário