terça-feira, 15 de novembro de 2011

Professores de MG erram 1/3 das questões que aplicam aos alunos


Os professores de física da rede estadual de Minas Gerais erraram, no ano passado, 28% das questões de um teste que aplicaram a seus próprios alunos. Em português e geografia, o percentual de erros chegou a 26%. 

Os dados, da Secretaria de Educação de Minas Gerais, foram apresentados na segunda-feira (7) pelo pesquisador João Filocre, coordenador do grupo de pesquisa em avaliação educacional da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) e ex-secretário adjunto de Educação de Minas. Ele participou de um seminário internacional sobre formação de professores, em São Paulo. 

A avaliação é feita a partir de um teste aplicado a alunos do ensino médio em todo o Estado, duas vezes por ano. Como os professores não recebem os gabaritos, precisam fazer a prova para corrigir os exercícios dos alunos. É essa correção que é avaliada pelo governo. Os dados se referem ao primeiro exame de 2010. 

O conteúdo é selecionado pelo próprio professor, com base naquilo que ele pretende ensinar ao longo do ano. 

"O professor usa isso para saber como vão seus alunos, e indiretamente a gente fica sabendo como é que eles estão", disse o pesquisador. 

Segundo ele, a avaliação é feita por assuntos, o que permite saber exatamente quais são os conteúdos em que os docentes têm mais dificuldade e tornar os cursos de capacitação de professores mais objetivos. Além disso, os exercícios que os professores fazem são corrigidos com explicações sobre o conteúdo. 

Filocre também mostrou que, em uma pesquisa feita há sete anos, mas divulgada somente neste ano, os professores não sabiam conteúdos básicos. 

Entre os docentes de história, mais de 70% disseram que era impossível um corpo permanecer em movimento sem que houvesse uma força atuando sobre ele, cerca de 40% disseram que é possível curar síndrome de Down com atendimento psicológico e pedagógico adequado e mais de 50% disseram que é possível aumentar a quantidade total de energia no universo. 

A rede estadual de Minas Gerais tinha, no ano passado, 157 mil professores, quase todos com curso superior. Para Filocre, os dados mostram que a preocupação não deve ser somente com a graduação e titulação de professores, mas com a qualificação. "Não basta ter um título, porque eles têm e não sabem as coisas."

Fonte: Luiza Bandeira - Folha de São Paulo - 08/11/2011

Comentário sobre a Reportagem

É muito fácil perceber a queda de rendimento da educação em Minas Gerais, mas isso não podemos aferir  mediante uma avaliação tão mal feita do Governo de Minas Gerais, como é o caso do chamado PAAE. 

As provas são totalmente mal feitas, com um número altíssimo de questões de dupla ou tripla interpretação, o que induz o estudante e muitas vezes o professor também ao erro. Como se não bastasse a resolução das imagens, gráficos e tabelas da prova é horrível (talvez seja por isso que o percentual de erros em Geografia e Português tenha chegado a 26%.).

Essa é a análise que temos da prova e do modelo de avaliação, no entanto não podemos esquecer que há fatores que influenciam e muito no resultado desse avaliação, como é o caso do quadro dos profissionais da educação em Minas Gerais atualmente.

Em uma só tacada o governo de Minas Gerais através da Lei Complementar 100 de 2007, foram efetivados nas escolas de Minas diversos profissionais sem a mínima competência para ministrar os seus conteúdos (é claro que diversos bons profissionais foram efetivados também), e isso com certeza trouxe consequências, mas aquilo que não interessa ao Governo de Minas, não foi falado não é mesmo Sr. Filocre?

Outro ponto que cabe ressaltar é a maneira como se dá o acesso dos professores na Rede Pública de Minas. Como vimos durante a greve existe uma nítida carência de profissionais capacitados para lecionar em todo o Estado de Minas (em algumas regiões mais e outras menos), no entanto o concurso público anunciado pelo governo não têm atraído muito a atenção dos candidatos, tanto é que foi prorrogado por mais um mês, e isso tem feito chegar as escolas públicas pessoas sem habilitação para lecionar, ou seja, pessoas formadas em diversas áreas (farmácia, fisioterapia, economia doméstica, agronomia, etc.)  que adentram uma sala de aula sem a mínima formação necessária para dar uma boa aula, e o resultado agora começa a aparecer, por isso tenhamos a capacidade de VER a realidade e nos posicionar criticamente, pois tenho a absoluta certeza de que essa matéria será usada contra nós no futuro, e por isso devemos estar prontos para dialogar com a sociedade para podermos rebatê-la.

Paulo Gustavo Grossi
Diretor de Comunicação do Sind-UTE Viçosa

Nenhum comentário:

Postar um comentário