quinta-feira, 7 de julho de 2011

Trabalhadores (as) em educação continuam em greve por tempo indeterminado

Trabalhadores (as) em Educação de Minas Gerais votam pela continuidade da greve por tempo indeterminado.
Pela manhã, o Comando Geral de Greve se reuniu com os outros companheiros, das demais regiões do Estado de Minas no Auditório do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais (CREA) para discutir as estratégias do movimento.  

Na parte da tarde a Assembleia teve início com a participação de aproximadamente 7 mil trabalhadores, sob coordenação do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE-MG), ficou aprovado na Assembleia de ontem (6/7) a continuidade da greve por tempo indeterminado.

O resultado da assembleia não foi novidade para ninguém, obviamente, uma vez que o governo mineiro insiste em bater as mesmas teclas, de que não negocia com servidores em greve, e de que já paga o piso através do subsídio. Duas inverdades: ele negociou com as polícias quando estavam em greve - a polícia Civil estava em greve, até ontem, pelo menos, e quanto a PM, bastou ameaçar de entrar em greve e o governo rapidamente negociou. Logo, somente com os servidores da Educação e da Saúde, áreas que não são prioridade deste governo, é que se aplica a tal regra do "não negociamos enquanto estiverem em greve". Inclusive se analisarmos outros movimentos grevistas pelo país, o de Minas é o único que insiste nessa estratégia de não negociar com a categoria em greve.

A outra inverdade é dizer que já paga o piso através do subsídio. Uma inverdade, pois como sabemos: piso é vencimento básico, o contrário de subsídio, que é somatória total de vencimento básico + confisco das gratificações.

Os combativos companheiros de Viçosa e região que tem demonstrado um bravo espírito de luta.
O clima durante a assembleia estava muito bom, o pessoal estava animado e isso fez com que o ambiente ficasse carregado de energia positiva, de alegria, de confiança. Não notei, nenhum sentimento de desconforto em relação à posição assumida pelas pessoas. Alguns até entendem que a greve poderia estar mais forte, que muita gente ainda não aderiu, mas, assim mesmo, há um número suficiente de valentes lutadores para manter e ampliar a paralisação por tempo indeterminado. Nossa causa é justa, é legal, é legítima. 

O governo não pode tratar a categoria como vinha fazendo até há algum tempo. Hoje existe uma outra realidade. Após a greve de 2010, como disse o amigo Euler, formou-se um núcleo duro, um grande grupo de aguerridos educadores dispostos a lutarem obstinadamente pelos direitos a que fazem (fazemos) jus. Não estou falando aqui do meu caso que sou direção do sindicato, ou de meia dúzia de pessoas, não, mas de centenas de pessoas, sobretudo da base da categoria, mas não somente, que organiza e faz a greve no cotidiano.  Mas sim de dezenas, ou talvez, centenas de lideranças de todas as regiões de Minas constroem cotidianamente este movimento, por mais que o governo utilize todas as suas artimanhas para tentar nos dividir, desvirtuar a nossa greve e desinformar através da sua mídia de aluguel, nós não vamos desistir de lutar não, pois dessa vez a luta é pelo Piso Salarial, 1/3 da jornada extraclasse, que estão todos contidos em uma lei federal e ponto final.

As faixas, as bandeiras e os cartazes tomam as avenidas de Belo Horizonte. Pague o Piso ou Pague o Preço!
Depois da Assembleia nós seguimos em passeata até o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, à rua Gonçalves Dias, 1.260, numa manifestação que pediu à Justiça rapidez no julgamento das ações protocoladas que denunciam o governo de Minas pelo descumprimento da Lei do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN).

Calendário aprovado

07, 08 e 11 de julho – assembleias locais e manifestações regionais
12/07 – manifestação na Cidade Administrativa (Belo Horizonte) junto com outras categorias do serviço público estadual que estão em greve - 14h
13/07 – nova Assembleia Estadual – 14h, no Pátio da ALMG
14/07 – O Sind-UTE-MG participa de Audiência Pública na ALMG, para discutir questões relativas ao IPSEMG, com o objetivo de fazer a interlocução com o parlamento e outras categorias do funcionalismo sobre o movimento de greve e denunciar que o governo descumpre a Lei do Piso – 9h

Adesão à greve

Durante a Assembleia desta quarta-feira, os trabalhadores também avaliaram o cenário das paralisações e traçaram os novos rumos do movimento. Também foi atualizada a adesão à greve que, até o momento, está superior a 50% de paralisação em todo o Estado. Na verdade há algumas regiões com números muito altos de adesão a greve em outras a adesão permanece muito fraca, principalmente devido ao fato de alguns companheiros, que são muitas vezes diretores de subsedes, não terem aderido ao movimento até hoje.

O movimento vem construindo mecanismos próprios de comunicação, organização e mobilização. E o grande risco, para o governo, é forçar a radicalização do movimento com tentativas de criminalizar e ampliar os cortes e pressões sobre os trabalhadores em greve (como ele fez no caso do suspense do contracheque). Seguramente isso despertará mais ódio no seio da categoria e poderá fazer com que a greve se fortaleça criando assim uma situação tal que o ano letivo se inviabilize por completo, comprometendo os nossos alunos.

Mais uma subida íngreme pela frente, haja força e disposição para a luta!
Num sentido oposto, que seria o retorno ao trabalho sem conquista, a situação também não ficaria boa para o lado do governo. Imagine-se o clima de terror ou frustração nas escolas se tivermos que voltar ao trabalho sem conquistar nosso piso, que é lei federal? Quem está em greve hoje são os setores talvez mais conscientes e consequentes da rede pública em Minas Gerais - e no Brasil também, haja vista o grande número de greves de educadores nas redes estaduais e municipais.

Por isso, se o governo for inteligente, ele vai buscar a negociação, abandonar esse mau momento que marcou as relações entre o governo e os educadores, após a deflagração da nossa greve. O governo mineiro precisa reconhecer que errou na sua estratégia de negociação. Primeiro, tentou nos enrolar com o atendimento de coisas que são importantes, mas não tocam nas principais reivindicações dos educadores, como o piso, o terço de tempo extraclasse, a devolução das gratificações de 2003 para todos, etc.
Bravas companheiras da Escola Estadual Madre Santa Face e Padre Álvaro, muita disposição para lutar!
Ao invés de buscar uma solução racional e inteligente, o governo apostou na divisão e na desmoralização até da categoria (quando disse que não repusemos as aulas em 2010, o que constitui outra inverdade). A impressão que se tem é que o governo jogou e tem jogado abertamente na destruição da carreira dos educadores. 

Da um oi pra globo, mas fica tranquilo que você não aparece. 
Claro que não assistiremos a tudo isso de forma passiva. Apesar de um número ainda razoável de educadores que ainda permanecem em sala de aula, preocupados com a conta de luz e do aluguel que mal dão conta de pagar - e que vão ter que arrumar mais um cargo ano que vem para pagar as mesmas contas que pagam hoje se não conquistarmos o piso -, apesar disso, há um grande número de pessoas que estão em greve. O governo precisa saber, reconhecer até, que não está lidando com pessoas idiotizadas. Temos hoje na categoria um núcleo pensante e também com grande capacidade de mobilização popular. Pensar que apenas dominando o aparelho estatal (Justiça, Legislativo, etc.) e a mídia é o suficiente para nos manter acuados, é subestimar a nossa capacidade de pensamento e de ação.

Penso que estamos no caminho certo. Nossa luta está boa. Pode melhorar, claro. Mas, temos um núcleo forte de educadores, com pique, com energia, com força e unidade para resistir pelo tempo que for necessário. E é essa energia que não pode faltar, pois ela nos energiza para as próximas batalhas e faz com que estejamos sempre prontos para os próximos atos e assembleias.

Fim da batalha, mas a guerra contra o Governo Anastasia continua!

A todos (as) os companheiros que estiveram fortes nessa luta, um forte abraço, força e unidade na luta, até a nossa vitória, sempre! 

P.S. Agora é a hora de cada um trazer mais gente para o movimento, seja o colega da escola que está parada, ou seja o colega que ainda não parou, todos nós devemos nos unir para irmos com força total a nossa próxima assembleia.

Paulo Gustavo Grossi da Silva
Professor de História e Filosofia
Diretor de Comunicação
Sind-UTE Viçosa 

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