domingo, 17 de julho de 2011

O outro lado da História



Lendo as manchetes vinculadas nos jornais após a Caça ao governador Antônio Bolinho de Asia em Mariana, fiquei consternado com a canalhice do nosso governador (aliás de alguns, porque eu não votei nele), que atribuiu o uso de gorros lilases por nós manifestantes como sendo uma homenagem aos livros do Harry Potter.

Que a imprensa mineira é podre, isso todos nós sabemos, ou pelo menos deveríamos saber, mas daí a noticiar a comparação esdrúxula do governador em todas as mídias impressas e não fazer um contraponto como o não cumprimento da Lei Federal 11.738/2008 é uma humilhação para nós educadores de Minas Gerais.


Para começar eu vou relatar brevemente como foi a manifestação e a partir daí vocês entenderão a minha indignação.

Saímos de Viçosa em uma Van às 07:00 horas da manhã do Posto Caçula e no trajeto pegamos alguns bravos companheiros de Ponte Nova, que iriam engrossar o caldo na caçada ao bolinho de asia. Saímos de PN e chegamos a Mariana por volta de 09:10 da manhã no terminal turístico, procuramos nos informar e descobrimos que as comitivas estavam fora da cidade na rodoviária e que deveríamos aguardar a chegada do pessoal.

Percebendo a demora resolvemos sondar as vias de acesso a Praça Minas Gerais que seria o palco do evento. Nenhuma surpresa todas elas fechadas, menos uma, onde havia passagem mediante identificação, como em Minas Gerais não há liberdade de ir e vir, alguns companheiros que estavam trajando camisas com dizeres referente ao piso ou algo do tipo foram barrados e não puderam chegar a referida Praça. 


Eu, Mara, Roberto, Elisete e mais boa parte do pessoal de Ponte Nova conseguimos furar o bloqueio e chegar até a Praça Minas Gerais, onde encontramos mais companheiros infiltrados. Sob os atentos olhares dos policiais esperamos a cerimônia religiosa terminar e ocupamos a escadaria da Igreja onde seria realizado a entrega das homenagens, no Dia de Minas Gerais.

Todos a postos entrou a banda de música da PM mineira, depois as bandas da cidade, e depois um bloco de Carnaval, começaram os discursos e ai ouvimos um nome conhecido Wander Marota (desembargador que decretou a greve do ano passado ilegal) vaias pra ele e espanto para os policias que não esperavam manifestantes, logo depois anunciaram o bolinho de Asia, adivinhem, vaias para ele também, com muito mais intensidade. Rebuliço nos PM`s, que tentaram nos tirar de onde estavamos com a desculpa de que o local estava reservado para o evento, fato que gerou revolta e indignação em todos e princiupalmente nos marianenses.


Não arredamos o pé e a PM desisitiu de nós, começaram os discursos e esperamos pacientemente a vez do governador, quando começou o seu discurso as vais foram ensurdessedoras, como se as pouco mais de 40 pessoas tivessem se transformado em 80, a ponto de o volume do som ter sido aumentado para nos abafar. Com gritos de guerra, músicas e outros bordões exigimos o piso do governador e o chamamos de fora da lei. A consternação era visível por parte do governador que em diversos momentos suas mãos tremiam ao ouvir nossos gritos e vaias. Conseguimos o nosso objetivo, incomodamos mais uma vez o governador e sua cúpula.

Grupo de pessoas bancadas pela APPMG para apoiar o bolinho de asia
Organizadora das senhoras, trajando a prova do crime, uma camiseta com o logo da APPMG
Uma nota triste e revoltante - Ao me aproximar da parte da frente do alambrado para tirar as fotos aqui postadas percebi um grupo de pessoas, geralmente senhoras, algumas com aparência bem humilde, agitando bandeirinhas de Minas Gerais, inicialmente não entendi aquilo que via, mas eis que os alto-falantes anunciam a presença do representante da APPMG e ai elas ficaram alvoroçadas. Charada solucionada, era a massa de manobra da escrota APPMG que com certeza pagou muito bem a essas humildes senhoras para apoiar o governo. Tudo em vão, sua apatia era tamanha que muitas se sentaram no chão e não mais se levantaram. Esse é o peleguismo de parte da categoria representada por essa malfadada instituição.

Manifestação pelas ruas de Mariana exigindo o pagamento do Piso Salarial
Terminada a manifestação ficou um misto de satisfação e indignação com os ocorridos, mas saímos com a certeza do dever cumprido.

"Quem não luta pelos seus direitos, não merece os direitos que tem"

Governador fora da lei o Piso é lei e o senhor terá de pagar.

"Com força, com garra, o Piso sai na marra"

Até a próxima caçada!

Paulo Gustavo Grossi da Silva
Professor de História e Filosofia
Diretor de Comunicação
Sind-UTE Viçosa

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