segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A negação da realidade como estratégia de afirmação de um projeto de governo

Nenhum projeto de governo está consolidado. 

O grupo político que ocupa o Poder Executivo como resultado das eleições precisa disputar permanentemente a opinião pública na perspectiva de convencê-la de que o projeto do governo atual é o melhor para a sociedade. 

Quem discorda tem o legítimo direito de se manifestar, se organizar e atuar na mesma sociedade. A manifestação de opinião sobre um projeto ou gestão de governo não é prerrogativa apenas de partidos políticos mas de cada cidadão que se organiza através de uma associação de bairros, uma entidade estudantil, uma agremiação esportiva, uma federação de indústrias, um clube de lojistas, um sindicato de trabalhadores, um movimento de quilombolas, sem terra, atingidos por barragens, etc, etc, etc.

A recente história da humanidade nos mostrou os resultados de governos que não aceitam a discordância e a pluralidade de opiniões . Fascismo, nazismo, ditaduras militares...

Para ter opinião não é necessário ser filiado à um partido político. Para isso a nossa Constituição nos garante o direito à liberdade de expressão, associação, manifestação...

Acho que o Governo do Estado não está preparado para conviver com a diversidade de opiniões, com críticas ao seus programas e com um movimento sindical autônomo e organizado na base.

Em vista à uma redação de um meio de comunicação mineiro neste período de recesso, alguns jornalistas me relataram o comportamento do governo ao responder o nosso movimento: "falam que o Sind-UTE mente muito, não diz a verdade e manipula as pessoas". O Governo nega a realidade que apresentamos sem qualquer embasamento e desqualificam as informações que a categoria afirmando serem "mentirosas".

A cada atividade nossa, o Governo intensifica a propaganda de seus projetos na educação como o que assistimos nos últimos dias sobre o Professor da Família. Negam a realidade que vivemos com propagandas de projetos que não são realidade no estado.

Ao afirmarmos que o Governo não paga o Piso, negam a realidade que está no contracheque das pessoas e reafirmam o subsídio.

Ao informarmos à sociedade que o percentual da nossa greve é de 50%, novamente negam o que está ocorrendo em todo o estado e afirmam que só há 1% em greve. Mas gastam milhões em publicidade para contrapor o nosso movimento.

Enfrentaremos nos próximos dias uma intensificação das propagandas do governo desqualificando a nossa greve, tentando desmoralizar o nosso sindicato e a tentativa de convencimento de permanecer no subsídio.

Por outro lado, mais de 70 mil profissionais da educação tiveram a mudança de remuneração publicada. Outros milhares que já fizeram o pedido, aguardam a publicação. Muitos colegas deixaram para fazer a opção perto do prazo final. Se levarmos em consideração que os colegas designados não podem optar, os aposentados que não tem paridade e portanto não foram para o subsídio, as direções e secretárias de escola que não foram para o subsídio e portanto não estarão em nenhuma estatística de retorno, a categoria já manifestou para o governo o que ela quer: o Piso Salarial como vencimento básico de acordo com a Lei Federal 11.738/08. 

Se não tivéssemos iniciado a greve no dia 08/06, o subsídio seria a forma de remuneração da rede estadual, com poucas exceções, não teríamos mais campanha salarial e estaríamos aguardando a boa vontade do governo para resolver os inúmeros problemas de carreira e da vida funcional. 

Todos que em Minas Gerais têm a coerência de manifestarem opiniões diferentes da construída pelo atual governo, que se organizam de maneira autônoma e reivindicam um Piso Salarial serão acusados de fazerem movimento político. É uma pena que o Governo ainda não saiba que todos nós somos seres políticos, por isso nos organizamos em sociedade. Do contrário viveríamos na barbárie. 

Já afirmou Paulo Freire que a educação é um ato político.

Beatriz Cerqueira
Coordenadora Geral do Sind-UTE-MG

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