Meu nome é Carlos Henrique e sou professor estadual e ainda contratado. Estou indignado com a imprensa em Minas Gerais e a nossa sociedade em geral que está calada.
Os professores em greve desde o dia 08 de junho continuam a ser massacrados como responsáveis pelos filhos não irem à escola. Há alguns dias foi de repercussão nacional o apelo ou desabafo de uma professora no nordeste, mas que continuou apenas num desabafo, nada de concreto vemos por parte de qualquer governo ou da sociedade para mudar isso.
Por que nossa imprensa não pressiona o governo por respostas?
Vejamos como o Governo Anastasia respondeu à polícia militar que buscava aumento salarial:
Governo faz proposta de aumento salarial a policiais e bombeiros
Oferta foi feita nesta segunda-feira (6), mas categoria não gostou. Na quarta-feira (8) haverá uma assembléia para discutir o problema.
Oferta foi feita nesta segunda-feira (6), mas categoria não gostou. Na quarta-feira (8) haverá uma assembléia para discutir o problema.
Do G1 MG - 06/06/2011 20h34 Atualizado em 06/06/2011 20h34
A secretária de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais, Renata Vilhena, disse, nesta segunda-feira (6), que o governo do estado dará aumento salarial para as polícias Militar e Civil, Corpo de Bombeiros e agentes penitenciários. Até 2015, de acordo com o governo do estado, o piso salarial chegará a R$ 4 mil.
De acordo com a assessoria de imprensa, 7% de aumento será dado em dezembro, incluindo o pagamento do décimo terceiro salário; 10% a partir de outubro de 2012; 13% em agosto de 2013; 15% em junho de 2014; 12% em dezembro de 2014 e mais 15% em abril de 2015.
A proposta, segundo o governo, foi apresentada aos comandos das corporações, mas os representantes dos policiais disseram que a forma do reajuste não atende às reivindicações da categoria.
---------------------------------------------------------------------------------------------------------
Agora vejamos como o mesmo Governo Anastasia apresenta proposta aos professores:
Professores fora do reajuste de 10%
Amanda Almeida Publicação: 16/07/2011 06:00 Atualização: 16/07/2011 09:30
Categoria em greve há quase 40 dias não será contemplada com o aumento anunciado pelo estado na quinta-feira. Beneficiados, servidores da saúde decidem voltar ao trabalho.
De acordo com Renata Vilhena, as polícias Militar e Civil não entram na proposta por ter sido definida anteriormente uma política remuneratória própria. Aprovado em segundo turno pela Assembléia, o Projeto de Lei 2.109/2011 concede reajuste escalonado aos policiais: 10% em outubro de 2011; 12%, em outubro de 2012; 10%, em outubro de 2013; 15%, em junho de 2014; 12%, em dezembro de 2014; e 15%, em abril de 2015.
Segundo Renata Vilhena, desde a folha de fevereiro, a carreira dos servidores da educação foi revista. “O aumento da educação foi individualizado. Cada servidor tem uma situação. O que posso garantir é que nenhum servidor teve aumento de menos de 5% e mais de 50% tiveram mais de 15% de aumento”, explica a secretária.
O Executivo não tem proposta de reajuste no piso salarial dos professores. Segundo Renata Vilhena, o governo de Minas considera que paga mais do que o piso salarial previsto por lei federal. De acordo com ela, o piso para professor com licenciatura plena é de R$ 1.187 para 40 horas por semana, correspondendo R$ 712 para a jornada do estado, que é de 24 horas semanais. “O estado paga R$ 1.320 para professores com licenciatura plena e R$ 1.122 para os que não têm, sendo 55% a mais do que o previsto.”
---------------------------------------------------------------------------------------------------------
Durante a transmissão pela manhã na data de 01/08 da Rádio Itatiaia eu pude escutar por no mínimo três ou quatro vezes o comunicado do governo mineiro isentando-se de culpa e condenando os professores em matéria paga. O governador gasta horrores em comerciais e não tem condições de conceder aumento digno a saúde ou a educação.
Vamos a uma conta básica, o salário mínimo em 2011 é de 545,00, sendo que o salário mínimo projetado para 2012 é de R$588,94 e o de 2013 é de R$ 649,29, cálculos feitos pelo Ministério do Planejamento.
Um professor na melhor das hipóteses como diria o comunicado do governador recebe R$1122,00, isto quer dizer pouco mais de dois salários mínimos para uma jornada de 40 horas semanais.
Na Finlândia, líder no PISA e na educação mundial:
- R$ 4.074,65 por mês, para professores de classe 2 (Cidades médias e pequeno-médias), por uma carga horária que varia entre 17 e 23 aulas por semana. Um detalhe, se o professor pega mais do que 23 aulas, tem um acréscimo de 3% por cada hora aula a mais por semana.
- R$ 4.637,61 por mês, para professores de classe 1 (Grandes centros e cidades pequenas e periféricas), por uma carga igual a descrita acima.
No Chile:
- R$ 4.175,00 por mês, por uma carga horária entre 20 e 24 horas por semana.
Na Argentina:
- R$ 1.987,00 por mês, por cerca de 20 horas semanais.
Nos EUA:
- Em média, R$ 4.500,00 por mês, por uma carga horária de 12 horas semanais (30 horas na escola). Nos Estados Unidos há uma tabela dizendo quanto o salário médio de um professor deve exceder o salário médio de outros profissionais com curso superior, tais como médicos, engenheiros, dentistas, advogados, etc., o que depende do estado. Por exemplo, o líder é o estado da Pensilvânia, que paga 65% a mais. E um dos últimos é Lousiana, 12,5% a mais.
No Japão:
- R$ 4.500 por mês, por uma carga horária variável + o status social de sensei.
Todos esses salários são para o início da carreira, sem contar tempo de serviço e atualização profissional, ou ainda cursos como mestrado e doutorado. O acordo salarial base é em nível nacional e não por estado ou região.
Preciso dizer mais?!
Se a imprensa não se mobilizar por que recebe patrocínio do estado, ela deve se envergonhar e mais, se a sociedade não cobrar uma posição do governo não só em relação à educação, mas também a saúde, ao transporte e a segurança continuaremos vivendo o estado de insegurança geral...
Não adianta ficar mostrando ou noticiando sensacionalismo barato solicitando da polícia uma atuação mais dura e extensiva porque a raiz do problema está na educação, no trabalho, na saúde e por aí vai...
Enquanto a sociedade brasileira achar que professor é um "qualquer" e que"qualquer um" pode dar aula, continuaremos sempre subdesenvolvidos e fadados ao colonialismo, seja ele de qual forma se apresentar...
Obrigado e espero sinceramente ouvir ou ler algo mais nos nossos meios de comunicação de Minas, não dando a versão de um lado e a versão do outro lado, mas colocando ambas em posição de confronto com a mediação da lei ou de seu representante. Assim saberemos o quanto imparcial nossos meios de comunicação trabalham em nosso estado.
Bravo colega!!! É isso aí. Nestes países as coisas acontecem de verdade e a sociedade ajuda pressionando quem tem de pressionar, os políticos se comcentram naquilo que têm que fazer que trabalhar pelo bem comum e não para o bem de poucos que já têm muito.
ResponderExcluir